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Eu só acredito se ele morrer

ondovato9

Atualizado: 22 de set. de 2021

Quando Bolsonaro veio a público anunciar que pegara o Covid-19, trouxe junto com ele a expectativa de confiança dos cidadãos brasileiros. E não foi bom. São poucos os seres bípedes e pensantes que acreditam piamente na doença presidencial. E não falo apenas de seus opositores – a maioria -, mas também de seus cegos seguidores, que atribuem à esperteza do indivíduo em questão adoecer em momento tão adverso e oportuno.

Ora, o presidente teve muitas chances de se infectar. Meses atrás, em março, depois de uma viagem aos EUA, mais de vinte integrantes de sua comitiva voltaram com o coronavírus na bagagem. Bolsonaro – disse – fez três exames que deram negativo, mas negou-se a mostrar os resultados. Depois de uma pendenga judicial, os laudos foram revelados, sem que realmente pudéssemos comprovar que se tratava de material biológico do altíssimo escalão do Executivo. A essa altura já não existia verdade no coração do poder. Acreditar era, tão somente, uma decisão pessoal, os fatos já não eram palpáveis.

Em inúmeras situações, negando todas as recomendações da Organização Mundial da Saúde, do próprio ministério e de secretarias de Saúde, Bolsonaro se expôs e expôs seu rebanho aos riscos de uma contaminação, seja nas manifestações antidemocráticas ao redor do Planalto, em lanchinhos de rua ou em padarias, ou nas aglomerações do famoso cercadinho de Brasília, que poderia muito bem ser chamado de curral. Quis o senhor de todos os destinos que o presidente se contaminasse justamente quando as investigações sobre a relação íntima entre o Zero Um (Flávio) e os salários de seus funcionários encontrassem o desaparecido laranja Fabrício Queiroz. Uma coincidência e tanto.

Como não tenho conhecimento do mapa astral do presidente, resta-me tentar entender as circunstâncias do momento e dar-lhe o benefício da dúvida, afinal, é direito de qualquer acusado, culpado ou não. O certo é que a dúvida foi plantada pelo próprio Messias. Ele destruiu a instituição da Verdade. Todas as vezes que disse algo para desdizer algumas horas depois, disseminou uma mentira disfarçada de realidade, ou se aferrou a uma informação comprovadamente fictícia, ele cuspiu em seu pé de barro. A rede de fake news, hoje instalada em salas contíguas à sua, que, entre outros feitos, o elegeu mandatário desta nação é a maior prova de que a Verdade para os habitantes do poder não passa de retórica descartável.

Não podíamos esperar muito. A biografia conhecida do presidente nos conta uma historia que tem na mentira seu ponto fulcral. Ao sentar carreira nas fileiras do exército, esgotou seu pretenso patriotismo ao tentar sabotar seu país com o planejamento de atentados terroristas, sendo o contrassenso de seu próprio paradoxo, se é que vocês me entendem. Mentiu contra sua nação. E – surpresa! – recebeu do Superior Tribunal Militar um julgamento de mentira. E foi essa mentira disfarçada de justiça que catapultou o capitão ao território da política.

Ao todo, Jair passou trinta anos como parlamentar, sendo apenas dois como vereador da capital fluminense. O restante – 28! – na Câmara Federal, em Brasília. E não há nada que se possa tirar de positivo de sua atuação ao longo desses sete mandatos. Uma extensa e onerosa mentira. A mesma mentira seguida por seus três filhos mais velhos. Funcionários fantasmas, salários compartilhados, favores parentais são algumas das mentiras mais comuns nos gabinetes da famiglia Bolsonaro. E os carinhos e carícias com a segurança de embuste das milícias são a azeitona na empadinha de farsas, ou no crânio de alguém.

A eleição conquistada nas mentiras, inverdades, ignorância e na negação da Ciência só veio corroborar a ideia de que aquele homem não era um Mito, mas um Mitômano. Um mentiroso contumaz. E nem vou falar da facada!

Mas cuspir no próprio pé de barro é anúncio de desastre. A saliva é o combustível da argila, e ambas tanto constroem quanto destroem. O homem aboletado no Planalto não dispõe da mínima credibilidade perante seus pares pelo mundo. Ninguém relevante acredita no presidente. Nem aqui, nem fora. E quando não há confiança, não há governo! E talvez digas que nunca tenhamos tido um governo durante esta gestão, e eu retruco: o problema é quando ele perceber que não governa.

Eu, que não sou relevante nem nada, só acredito se ele morrer.

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